quarta-feira, 2 de julho de 2008

Transcrição 24



Cláudia: Conta um pouquinho pra mim, A. Por que você vem na Biblioteca?
A: Eu venho porque eu gosto de ler, gosto muito de imaginar, né, nos livros, de sonhar, e gosto de... ler.
Cláudia: Gosta de ler. E... por que você tá aqui, no blog?
A: Porque me chamaram e eu queria fazer parte de uma nova... de um novo mundo que eu não conhecia, pra aprender novas coisas.
Cláudia: Sei. E por que te chamaram? Te explicaram por que te chamaram?
A: Me explicaram que eu ia fazer um trabalho com uma... esqueci o nome. Que eu ia fazer um trabalho no blog com uma professora da USP que ela estava fazendo um trabalho científico.
Cláudia: Sei. E você ficou... o que você achou?
A: Eu achei muito legal porque eu ia tá conhecendo um novo mundo que eu não sabia.
Cláudia: E o que você achava antes?
A: Do que?
Cláudia: E o que você achava antes você ainda acha hoje?
A: Do que?
Cláudia: Disso que você acabou de me falar. Isso é o que você achava antes de começar o blog, não é?
A: Uhuh.
Cláudia: E aí, o que você acha hoje? Qual que é a sua idéia hoje?
A: Agora, eu não imaginava que era assim tão legal.
Cláudia: E o que você aprendeu?
A: Aprendi muitas coisas. Aprendi a por imagens, a escrever textos, resumos, aprendi, conversei, aprendi com autores famosos.
Cláudia: É verdade. E me conta uma coisa. Você acha que você vai poder usar alguma coisa disso na sua vida?
A: (balançando a cabeça positivamente) Acho. Vou.
Cláudia: Me dá um exemplo? Onde?
A: No Senai, que eu quero ir pra lá, na USP.
Cláudia: Você quer ir onde?
A: Eu quero participar do Senai.
Cláudia: O que que é o Senai, me conta e o que você quer fazer lá?
A: É uma escola profissionalizante, e eu quero fazer robótica, na área de, na área de tecnologia, robótica. Quero fazer a USP.
Cláudia: Como a sua irmã, né?
A: (balançando a cabeça positivamente) E quero fazer um curso no exterior, no Japão.
Cláudia: No Japão? Sobre o que?A: Robótica, porque lá é o maior centro empresarial de robótica que tem no mundo inteiro.
Cláudia: Legal. E você acha que essas idéias que você acabou de me contar aí, agora, elas já existiam na sua cabeça?
A: Já, já.
Cláudia: Antes do blog?
A: (sorrindo) Já. Só a de robótica. Agora, da USP eu peguei a mania com a minha irmã e com o meu primo.
Cláudia: E os seus professores, eles sabem que você vem aqui na biblioteca e faz este trabalho?
A: Sabem, alguns sabem. Não todos, alguns sabem. A diretora já me chamou duas vezes pra falar.
Cláudia: Pra que?
A: Pra falar de quando a gente recebe o diploma, que a Ana manda sempre um comunicado.
Cláudia: É, um convite, né?
Cláudia: E eles se interessam pelo que você faz aqui?
A: Alguns sim, outros não.
Cláudia: Tá. Me conta um pouco sobre um professor que se interessa. O que ele pergunta?
A: Ele pergunta como é que eu fiz pra parar aqui. Como é, como era a biblioteca, porque eles nunca vieram. Esses tipos, assim.
Cláudia: Tem computador na sua escola?
A: Tem. Só dezoito. Só que ainda não abriram a sala de computação.
Cláudia: Peraí, tem uma sala, com dezoito computadores.
A: É, só que ai o Santander deu mais três. Ficou com vinte e um.
Cláudia: Tá. Que tão todos fechados.
A: É.
Cláudia: Por quê?
A: Porque num...já roubaram umas bolinhas dos mouses quando uma sala entrou, e é porque é pouco computador pra quarenta alunos.
Cláudia: Como assim? É pouco computador? Dezoito computadores?
A: Vinte e um.
Cláudia: Vinte e um computadores é pouco?
A: Vinte e um pra Quarenta e dois alunos.
Cláudia: Você acha pouco?
A: (balançando a cabeça positivamente) É. Aí eles acham pouco e não vale a pena.
Cláudia: E você acha o que?
A: Eu acho que até dava pra ir de dupla.
Cláudia: Quantos computadores nós temos aqui?
A: Dois.
Cláudia: E às vezes?
A: Três.
Cláudia: E às vezes?
A: Um.
Cláudia: E quantos nós somos teoricamente?
A: Dez. Eles acham pouco, mas eu acho que de dupla dava.
Cláudia: E você nunca falou isso na sua escola?
A: Não.
Cláudia: Então, deixo entender uma coisa. Tem, oh, vinte e um computadores fechados em uma sala, e ninguém usa.

A: Ninguém. Só os professores.
Cláudia: E o que você acha disso?
A: Eu acho muita injustiça.
Cláudia: Absurdo, não é?
A balança a cabeça positivamente.
Cláudia: E o que você acha que podia fazer na sua escola com o computador?
A: Podia liberar o computador, é, pra cada sala, podia, pra cada sala, pra cada turma. Em cada mês cada sala usar um dia.
Cláudia: Você acha que, é, blog pode ajudar um aluno a aprender alguma coisa?
A: Pode. Pode.
Cláudia: O que, por exemplo? Cuidado aqui. O que?
A: Pode aprender a mexer no computador, tem muitos que não sabem.
Cláudia: Só isso?
A: Não. Pode abrir a imaginação de alguns, despertar curiosidades sobre blog, sobre a leitura.
Cláudia: Por exemplo, leitura, né? Numa aula de português, como você acha que um professor, faz de conta que você é um professor da sua escola, e ai você pensa, ah vou ter uma idéia, vou criar um blog com a minha turma, e tal. Você acha que... o que ele pode fazer com um blog na aula de português?
A: Ele pode dar textos pras crianças fazerem resumos. Ele fazer uma parceria com a professora de leitura.
Cláudia: Ah, tem uma professora de português e uma de leitura?
A: (balançando a cabeça positivamente) É.
Cláudia: Tá. E um professor de matemática, o que será que ele pode fazer com um blog?
A: Um blog de matemática, explicando pra gente. Tipo, tem muitos alunos, eu, numa prova eu tirei quatro e meio em matemática por causa que ele não tinha explicado direito, eu não entendi.
Cláudia: Mas, mas o que você sugeriu é que ele fizesse um blog, ele professor. Mas o que o aluno pode fazer? A primeira sugestão que você deu, quem faz é o aluno, certo?
A balança a cabeça positivamente.
Cláudia: O aluno faz o texto, é o que a gente faz aqui, né?
A balança a cabeça positivamente.
Cláudia: Quem que faz, eu ou vocês?
A: A gente.
Cláudia: Vocês. Eu tô aqui só de bico, né?
A balança a cabeça positivamente.
Cláudia: Nessa segunda opção que você deu, quem faz é o professor.
A balança a cabeça positivamente.
Cláudia: Como que o aluno pode fazer alguma coisa, como podia ser um blog de matemática?
A: De matemática? Tipo, o professor ele pegasse e dasse matéria em dupla no computador, e mandasse a gente fazer, já deixasse uma aula pronta.
Cláudia: Sei.
A: Dentro do computador. E aí a gente ia ter que resolver dentro do computador, sem poder usar a calculadora.Cláudia: Ah, sei, no blog isso.
A balança a cabeça positivamente.
Cláudia: Isso podia ser um blog, não podia?
A: Podia.
Cláudia: Ele escrevia um post, né?
A balança a cabeça positivamente.
Cláudia: E vocês punham a resposta com um comentário?
A balança a cabeça positivamente.
Cláudia: Que legal!
A sorri.
Cláudia: Gostei da sua idéia.
Cláudia: Você gosta de vir aqui no blog?
A: (sorrindo) Gosto.
Cláudia: E o que você acha da idéia agora de vocês trabalharem mais sozinhos?
A: É legal. É uma responsabilidade a mais. Só que é legal.
Cláudia: Você acha legal. E você acha que vocês vão dar conta?
A: Eu acho que dá pra dar conta.Cláudia: Com certeza.

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